A INDÚSTRIA 4.0
A quarta revolução industrial é caracterizada pela automatização e digitalização dos processos, assim como pelo uso de tecnologias de informação nos processos.
A Indústria 4.0 não só tem impacto de nível tecnológico, mas também nas organizações, facilitando o desenvolvimento de novos negócios e modelos organizacionais, e promovendo um maior envolvimento dos colaboradores. É baseada na automatização da produção, na robótica e na digitalização, sendo caracterizada pela junção de tecnologias de informação e processos de produção, realizados, na sua maioria, por máquinas através de recurso à Inteligência Artificial.
As organizações estão assim a assistir a alterações nos seus processos de trabalho, em que os sistemas e os equipamentos, tem permitido a ligação entre o mundo físico e o mundo tecnológico.
A AUDITORIA EM LINHA COM A INDÚSTRIA 4.0
Nesse sentido é indispensável que a auditoria acompanhe e se adapte a estes novos desafios e necessidades, uma vez que o mercado espera informação de confiança e a um ritmo cada vez mais acelerado e como tal o auditor deve conectar-se com as mudanças tecnológicas.
Isto porque os procedimentos utilizados usados numa auditoria tradicional e na auditoria que tenha por base a aplicação de tecnologia são distintos na medida em que: os registos e arquivos são efetuados por meio de computadores; não há evidências documentais que possam ser lidas a fim de verificar a implementação de alguns procedimentos de controlo utilizados na auditoria eletrónica, o que exige que o auditor utilize diferentes métodos para a realização de determinados testes; e por último, a obtenção de uma menor taxa de ocorrência de erros por negligência, falta de concentração e fadiga, uma vez que o processamento de dados eletrónicos é caracterizado pela sua dimensão e precisão.
QUAL O PAPEL DO AUDITOR 4.0
Neste cenário, é fundamental colocar a tecnologia ao serviço da auditoria através de: i) utilização de ferramentas e métodos de análise de dados, com a utilização de big data, data analytics no sentido de permitir amostragens mais confiáveis; ii) usar dados dos clientes para recolha de informação para a auditoria, automatizando processos e ganhando sinergias, permitindo fazer previsões, tendências de mercado e cruzamento de informações de forma rápida; iii) utilizar robots de processos automatizados, com finalidade de substituir tarefas repetitivas.
Também neste contexto de sucessivas mudanças e desenvolvimento tecnológico, os auditores deverão adotar uma atitude proativa em relação à sua aprendizagem contínua. Deste modo, devem atualizar-se relativamente às mudanças a nível legal e ao setor onde operam os seus clientes, aperfeiçoar o pensamento crítico, e as competências de comunicação, assim como, aprender a trabalhar com novos tipos de classes de ativos, com as quais não estavam habituados no passado, como as cripto moedas.
Por outro lado, o trabalho em equipa continua a ser uma competência importante para o auditor no futuro, mas para que este seja eficaz em contexto da Indústria 4.0, com equipas distribuídas por vários locais, é fundamental a existência de uma boa colaboração e comunicação em ambiente virtual.
Também a agilidade e a adaptabilidade dos auditores são essenciais, pois contribuem para a sustentabilidade das empresas de auditoria num ambiente dinâmico, uma vez que estes têm a capacidade de ser flexíveis, a destreza de se reinventarem e a abertura para aceitarem diferentes pontos de vista.
Por fim, o pensamento crítico, a criatividade e a constante procura de aprendizagem, como competências cognitivas e metacognitivas são fundamentais para o auditor do futuro. A criatividade é imprescindível na Era 4.0 devido à sua capacidade em apresentar ideias originais para obter soluções únicas e inovadoras para os problemas que possam surgir e, por isso, assume-se como uma vantagem competitiva no mercado de trabalho, na medida em que, é improvável que a inteligência artificial substitua os tarefas que exijam criatividade e interações sociais complexas.
CONCLUSÃO
Assim o novo perfil de auditor 4.0, terá que ser cada vez mais multidisciplinar, com conhecimentos financeiros sólidos ao nível do conhecimento do negócio, mas também ser um digital native, com fortes conhecimentos em tecnologia de informação tais e com apurada curiosidade pela inovação.
A tecnologia não irá substituir os auditores, pelo contrário, os auditores que a perceberem substituirão aqueles que não a perceberem ou utilizarem. O sucesso estará na junção da capacidade de processamento e o acesso aos dados, que libertará o auditor de tarefas repetitivas para que este se possa concentrar o seu tempo no desenvolvimento de competências, em formação e julgamento profissional.
Este processo terá que ser acompanhado com o processo de desenvolvimento de competências sociais e emocionais.
Os aspetos mencionados contribuirão para aumentar a eficiência e a eficácia do processo de auditoria, tornando-se uma ferramenta necessária para os auditores. O caminho da auditoria passa assim por acompanhar a Indústria 4.0 e trazer um renovado capital de confiança ao mercado.
Carlos Sousa
Auditor
Oliveira Rego & Associados
